A FIDELIDADE CANINA NO MUNDO DOS HOMENS

No mundo atribulado de hoje, onde temos pouco tempo para pensar e nos
deliciar com as dádivas da natureza, achei por bem reescrever um antigo artigo que
lavrei, lá, por volta dos anos 70 e publiquei no extinto Jornal da Produção, editado
pelo Governo do Estado de Alagoas. Infelizmente é um caso verídico que ouvi do
personagem que o vivenciou, em uma mesa de bar, pessoa que, aqui, tratarei por
Mister X, tendo em vista que, na ocasião do relato fui autorizado a publicar, porém
sem revelar o nome verdadeiro do autor da “proeza”. Como mesa de bar, sempre, foi
um grande saca-rolhas da vida, vamos, lá.
Mister X, havia feito uma grande reforma em sua residência e, por sugestão de
sua esposa, aproveitou para dar uma atualizada naquelas montanhas de papeis que
todos nós guardamos e, com o tempo, nem sabemos mais para que. Aproveitou o
ensejo e junto com os papeis velhos, prateleiras sem uso, cadeiras quebradas e
outras coisa sem serventia, encheu a caçamba de sua caminhonete e rumou para
um terreno baldio. Um matagal que ficava por trás de campo de futebol da Rede
Ferroviária Nacional, nas imediações de onde, hoje, é a Telemar. Ora, já que estava
se livrando de todas as ciosas velhas, porque não se livrar, também da Laika, uma
cadela pastor alemão, com 12 anos dedicados àquela família e que era,
constantemente motivo de discussão entre Mister X e sua esposa?
Assim pensado e assim feito com todo o efusivo beneplácito matrimonial. Lá se
foram Laika e os outros bagulhos que não poderiam permanecer na bela casa pos
reforma. Lembro, como agora, que me mexi na cadeira e tive vontade de fazer
algumas boas, justas, porém atrevidas perguntas a Mister X, mas preferi esperar o
desfecho daquela mórbida história. Ele continuou a sua narrativa. “- Larguei tudo lá e
nem me lembrei de deixar água e comida para a Laika. Queria, mesmo, era ir
embora e evitar que as pessoas que moravam, nos casebres ao largo, impedissem o
meu intento.” Tomei toda a cerveja que estava na caneca, ascendi um cigarro e, só
depois percebi que já havia outro aceso no cinzeiro. Eu era jovem e Mister X bem
mais velho. Pelo respeito que me ensinaram a ter com os mais velhos, fiquei quieto.
A narrativa continuou dando conta de que, uma semana depois, Mister X,
naquele instante, para mim Mister B...., voltou ao mesmo lugar para depositar mais
entulhos e ao se aproximar, Laika levantou-se, caminhou com dificuldades em sua
direção, balançou a calda e morreu. Um dos moradores dos casebres que ficavam
ao largo se aproximou e falou que, por várias vezes, ele e outros moradores,
tentaram dar água e um pouco de comida para a cadela, entretanto, ela não
aceitava. Preferia latir e reagir com a autoridade e o destemor de quem estava ali,
para defender o patrimônio depositado ao léu por seus donos e amados senhores.
Não permitia que ninguém se aproximasse dos entulhos, quer chovendo, quer
fazendo sol. Pobre Laika, não sabia que fazia parte, também daqueles restos inúteis
que foram jogados à própria sorte. Tantos anos de fidelidade, promovendo alegrias e
defesa daquilo que ela, em seu mundo de sinceridade e lealdade plena, entendia
como o seu lar. Foi fiel ate a morte. Guardou os restos de seus donos como se fosse
o mais caro tesouro de todos os tempos e, em seu fim, prestou lhe contas. Pareceu
dizer: “- Meu senhor! Esta de volta? Que alegria! Aqui estão todas as ciosas
deixadas sob minha guarda. Confira. Estão intactas. Missão cumprida. Adeus”.
Meus sentimentos se misturaram entre raiva e pena daquele homem, um
verdadeiro Mister B..... e F P. Levantei-me da cadeira e não sabia bem o que iria
fazer. Sabia, apenas, que meu corpo queria gastar a adrenalina que lhe invadia,
porém seria mais cauteloso ficar longe daquele homem porque ao olhá-lo parecia
que o cenário de toda aquela história lúgubre estava se passando naquele instante e
sobre aquela mesa. Ele era mais velho e, apesar de toda a impetuosidade de minha
juventude, me mantive quieto.
Uma lágrima brotou dos olhos de Mister B...., F P e, de repente, comecei a vê-
lo, outra vez, como Mister X. Com a voz embargada contou aos presentes que,
agora, tinha um sítio em uma cidade do interior do estado e que, lá, abrigava animais
de todas as espécies, feridos, ou abandonados por seus donos. Como a nossa
conversa começou pelo fato de ser eu criador de cães, ele me aconselhou; “ – Nunca
despreze seus animais imprestáveis, ou velhos. Um dia, quem sabe, seus filhos
poderão fazer o mesmo com você”.
Conversamos um pouco mais e, depois de pagarmos as despesas ao garçom
do Bar do Choop, fomos cada um para seu lado, com uma lição aprendida e mais
uma história para contar sobre a fidelidade canina no mundo dos homens.
Wilson Roberto Protásio Lima
Presidente da SACCPA
Presidente do Conselho Superior da SBCPA
Juiz de Criação e Seleção, Nível Internacional
Titular do Canil Castelo de Prata

EVOLUÇÃO & RENOVAÇÃO

( Fatores fundamentais para a criação alagoana )
Evolução e renovação, duas palavras que podem muito bem
ser colocadas em qualquer ordem. A evolução depende da renovação, ou, a
renovação é que depende da evolução? Não importa a ordem e, sim, o
objetivo, ou, mais claramente, a nossa Sociedade Alagoana de Criadores de
Cães Pastores Alemães - SACCPA necessita, urgentemente, de novos
criadores para seguir sua caminhada de sucessos. O que é fato inconteste é a
necessidade premente de que novos associados precisam ser conquistados,
consolidando-se, assim, a renovação de seus quadros com uma evolução da
criação numericamente compatíveis.
Desnecessário afirmarmos, mais uma vez, que a criação do
nordeste tem evoluído a passos largos nesses últimos cinco anos. O Ceara tem
importado constantemente, Pernambuco, depois de anos inertes, também vem
evoluindo. A Paraíba tem crescido bastante, inclusive, em número de animais.
Alagoas tem conseguido resultados significativos, haja vista, a cadela Wendy
do Castelo e Prata que foi VA 1, Siegerin do Brasil em 2009, o primeiro animal
nascido na região a conquistar esse honroso patamar. Outras vitórias foram
obtidas e investimentos foram feitos pelos Canis Von Haus Bali e Von Hybi,
este sob nova direção. Tudo isto demonstra a nossa vontade de continuar
evoluindo, entretanto, somos, ainda, muito poucos.
Alagoas, hoje, tem a possibilidade e colocar em disputa, em
qualquer exposição do pais, seis, ou sete animais com plenas condições de
lutar pelos primeiros lugares. É muito pouco, diante do total que alguns dos
outros estados da nossa região dispõem para tal fim. Mesmo que se levando
em consideração as dimensões e populações de outros estados do nordeste,
apesar de nossa qualidade, temos carência de quantidade. Assim se assevera
a necessidade de mais criadores para renovação de nossos quadros e para a
continuidade da evolução. Sob os padrões atuais, uma maior quantidade, com
certeza, incidiria na qualidade.
Voltamos a bater na mesma tecla de sempre. Precisamos de
mais criadores para mais investimentos, ou para a absorção dos filhotes
gerados de nossa boa qualidade, Dessa forma, evitaríamos que bons
exemplares sejam relegados a meros cães de guarda, ou guardados em
chácaras e fazendas, sem nenhuma contribuição para a evolução de nossa
A falta de renovação incide diretamente para que os filhotes
oriundos de acasalamentos perfeitos, efetivados em nosso estado, não
consigam obter um preço compatível com suas qualidades. Aí se aplicam as
Avenida Siqueira Campos, 1295 (Parque da Pecuária) - Prado, CEP 57011-001
Maceió - Alagoas
regras mercantis de simples assimilação. Ora, se os nossos criadores não
conseguem recuperar os gastos com os investimentos realizados, para
acasalamentos com cães importados,
não irão reinvestir porque sabem que os prejuízos serão iminentes. Resultado,
a criação alagoana poderá entrar em inércia o que seria o caos para o
pastoreirismo de nossa Terra dos Marechais.
Para que os Senhores Leitores tenham uma idéia,
exemplificamos: A primeira escolha de um filhote de pastor alemão, de
ninhadas nascidas em Canis do sul e sudeste, custa, em média, R$ 1.500,00 a
R$ 2.000,00. Tenhamos esses valores acrescidos de caixa de transporte e
frete, cobrado pelas Companhias Aéreas que são um verdadeiro absurdo. O
filhote chega ao seu destino por cerca de R$ 3.000,00 a R$ 4.000,00. A
qualidade do filhote enviado fica a mercê da honestidade, ou não, do criador
que o vendeu, porque o adquirente não foi, lá, na origem escolher.
Incompreensível é que isto acontece normalmente, entretanto, quando a
aquisição é feita, aqui, com escolha presencial, facilidade de pagamentos e
outros fatores favoráveis á uma boa aquisição, encontramos dificuldades.
Os cães que estão, lá, são semelhantes, ou parentes próximos
dos que estão aqui. Como dissemos, só nos falta quantidade, mas a qualidade
esta presente, aqui, também, Presumimos que essa seja uma questão cultural –
santo de casa não opera milagres -, mas já esta na hora de pensarmos com
mais precisão, ou seja: os santinhos daqui também, operam, pelo menos,
milagrezinhos.
Um bom filhote de pastor alemão, em Alagoas, deveria custar,
em média. R$ 800,00 a R$ 1.500,00, todavia quando falamos esse valor, o
comprador é capaz de chamar a polícia e, não sabe, ele, o que esta perdendo.
Quando pechincha e o criador, para não ficar com filhotes amontoados, vende
por R$ 500,00 a R$ 600,00, não sabe o mal que esta fazendo ao criador que
não reinvestirá e à criação que sofrerá com a falta de evolução, sob os riscos
de nos remeter à muito antiga condição de quintal do sul e sudeste.
Assim, concitamos aos que, hoje, admiram um verdadeiro
pastor alemão, a se unirem às nossas fileiras em prol da raça. Façam contato
com este blog que lhes dará todas as pistas para chegar aos nossos criadores
e à nossa SACCPA.
Precisamos de pessoas como você que gosta de cães, de um
bom ambiente para freqüentar com a família, para conceder aos seus filhos
contatos com a natureza e a alegria de ser criador desse magnífico espécime
canino. Sua Majestade o Pastor Alemão.
Reafirmamos: Sem renovação a evolução encontrara
dificuldades e, por essa via, qualquer criação encontrará o caos. Não comprem
Avenida Siqueira Campos, 1295 (Parque da Pecuária) - Prado, CEP 57011-001
Maceió - Alagoas
cães sem o pedigree correspondente. Antes de adquirir filhotes, ou de qualquer
idade, em outros estados, consultem os criadores alagoanos. Unam-se a essa
“A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser julgados pela
forma com que seus animais são tratados”
(Mahatma Gandhi)
“Adquirir um cão pode ser a única oportunidade que um ser humano tem para
escolher um parente”
(Mordecai Siega)
PASTOR ALEMAO – AMIZADE E PROTEÇÃO
Wilson Rpberto Protásio Lima
Presidente da SACCPA